quarta-feira, setembro 29, 2004

A culpa é do marketing

A propósito do aumento das despesas que o SNS vai ter ter com a comparticipação de medicamentos (quando estas deviam baixar com a introdução dos genéricos), o bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. José Germano de Sousa, disse uma coisa extraordinária: "existem médicos que não resistem ao marketing agressivo das companhias farmaceuticas e prescrevem muitos antibióticos".

Mas andamos a brincar com a saúde (e as finanças) dos cidadãos ou quê? Não resistem ao marketing agressivo e como tal prescrevem medicamentos desnecessários? Ou com alternativas válidas mais económicas no mercado? E ninguém faz nada?

O sr. bastonário, na qualidade de lider da entidade que agrega todos os médicos a exercer em Portugal, não deveria tomar providências para que estas situações sejam detectadas e sanccionadas? Afinal de contas, ele sabe que esta é uma realidade e não há como escondê-la. Para credibilizar a classe e proteger os cidadãos (e já agora os deveres deontológicos dos médicos), é sua obrigação tomar uma posição. De outro modo, é-nos legitimo pensar que também ele, o sr. bastonário, faz parte desse grupo de médicos mais influenciaveis e que se sujeitam a fazer o "frete" de irem a congressos, organizados por essas companhias farmaceuticas, para as Maldivas.

terça-feira, setembro 28, 2004

"Battlestar Galactica"


Para nostalgicos com, pelo menos, 30 anos, informo que a SIC Radical está a transmitir às 3.ª feiras (22h) e ao Domingo (23h) a série "Battlestar Galactica", a original e não nenhuma das sequelas que se tentou aproveitar do êxito desta.

Para mim é um icone dos anos 80 e a semana passada vi o 1.º episódio sem querer. Foi com muita surpresa que verifiquei que os efeitos especiais, apesar dos mais de 20 anos passados, não são tão básicos quanto isso. Não são exemplares mas dão bem conta do recado.

Que saudades que eu tinha de ouvir um Cylon dizer "by your command".

E ainda gozam

Ainda sobre o caso da morte da Joana, tem-me feito imensa confusão este processo de ocultação do cadáver. O tio e mãe já confessaram o crime, agora colocaram outro tio no local do crime e, nos entretantos, tem-se dedicado a facultar informações erradas e contraditórias sobre o paradeiro do corpo da miuda.

Andam policias por todo o lado, mergulhadores na ribeira e aquelas bestas vão gozando com o trabalho que as suas mentiras têm dado.
Parece-me que estamos perante pessoas com uma escola de (má) vida muito grande, com cadastros, problemas de várias naturezas com a justiça, e que devem encarar esta situação como "mais uma". Nem o paradeiro do corpo da Joana facultam para lhe dar um pouco de dignidade na morte, já que não lhe deram em vida.

Esta postura enerva-me ao ponto de, sob pena de me chamarem fascista, propôr à PJ que ponha os tomates do tio num torno e vão apertando até ele dizer onde está a miuda. Vão ver que ele não só dá essa informação como ainda canta os números do totoloto da semana que vem.
Experimentem.

sexta-feira, setembro 24, 2004

A morte da Joana


Mais uma vez somos confrontados com uma noticia que nos choca. Uma mãe, por causa da módica quantia de 12,00€, dá uma tareia tão grande à filha qua acaba por a matar. Depois, e para ocultar tal facto, aparece nos orgão de comunicação social a dizer que lhe tinham raptado a miúda, é capa de jornais, noticia de abertura de telejornais e vai, inclusive, a programas de televisão demonstrar a sua "dor". Este comportamento é demonstrativo duma frieza animal e que deve merecer da sociedade a mais severa das punições (só não digo que lhe deveriam enfiar um ferro em brasa pelo rabo dentro até este lhe sair pela garganta porque desconfio que ela haveria de gostar).

Por outro lado, e mais uma vez, vem agora o povo dizer que já esperava que uma coisa destas pudesse acontecer um dia, que ela era má, batia muito na miúda e outras cobras e lagartos. A ser verdade tudo o que disseram da besta, quando é que será que vamos deixar de reger a nossa conduta por regras como "entre o marido e a mulher, ninguém mete a colher" (neste caso, mãe e filha), e começar a denunciar estas situações quando elas ocorrem? Quando é que vamos começar a apresentar queixas à policia quando temos conhecimento de condutas domésticas violentas? Sim, porque isto também é violência doméstica, pois esta não ocorre somente quando o marido bate na mulher.

As pessoas, enquanto cidadãos, têm responsabilidades para com os seus pares e para com a sociedade que têm de começar a assumir. Quantas mais Joanas terão de morrer para que compreendamos isto?

O exemplo dos professores


Perante o novo processo de colocação de professores e as condicionantes que serão atendidas para as selecções a fazer, surge mais um perfeito exemplo da nossa maneira de estar na vida.

Considerando que a existência de justificados motivos de saúde é considerada relevante para uma colocação dos professores mais perto de casa, está a ocorrer uma verdadeira avalanche de atestados médicos que comprovam que grande parte do corpo docente desta pais sofre das mais variadas maleitas, e como tal, não pode ser deslocado para longe de casa. É o famoso instituto do "atestado médico" a cumprir o seu verdadeiro papel social, ou seja, a avalizar as pretensões dos cidadãos que pagam uma consulta e em troca obtém um atestado com o teor que mais lhe convir. São as leis do mercado a funcionar.

Só lamento é que não haja uma real acção fiscalizadora (e de preferência, não coorporativista) sobre estes "doentes" e, se não se comprovarem os males de que aledamente padecem, sejam imputadas verdadeiras responsabilidades aos médicos que prestaram informações falsas a troco do preço duma consulta. Excepto no processo ocorrido há uns anos em Guimarães com alunos que se queriam livrar dos exames, nunca tal iniciativa foi tomada pelas autoridades competentes, Ordem dos Médicos inclusive.

Aliás, esta deveria ser a primeira a diligênciar no sentido de credebilizar a classe, mas infelizmente as coisas não acontecem assim.

quarta-feira, setembro 22, 2004

Quero lá saber de Olivença


O "Grupo de Amigos de Olivença" aproveitou o facto da Volta a Espanha em ciclismo passar nessa localidade hoje para lá se deslocarem e irem manifestar a sua posição que assenta num principio base: Olivença é Portugal.

Não vou agora discutir se isto é verdade ou não e como e porquê que aquele lugar está está hoje sob jurisdição espanhola. O que eu vi foi um pequeno grupo de portugueses a fazerem uma figura triste a tentar "vender" a sua posição distribuindo panfletos alusivos ao assunto.

Ora, é claro que não foram bem recebidos porque o povo daquela terra sente-se e é, hoje, espanhol, portanto recebem uma iniciativa desta natureza com desprezo.
Independentemente do que ocorreu no passado, no nosso presente é descabido estarmos a levantar esta questão porque o tempo de o fazer já passou há muito. Daqui a bocado temos os marroquinos a reclamar uma qualquer parte do Algarve como sua porque os lusitanos cometeram uma ilegalidade para a sua conquista. É ridiculo.

Por outro lado, aquele povo não quer nada connosco pelo que, penso eu, também não os queria nem dados. Faz-me lembrar a situação de Barrancos, quando as suas gentes falam mal de Portugal e enaltecem os espanhóis por causa dos touros de morte. Estão mal? Mudem-se. Vão para Espanha, corrija-se a fronteira e entreguem aquele pequeno pedaço de terra aos noutros hermanos. Não fazem cá falta nenhuma. O importante é que mantenhamos a produção de enchidos daquela região, tudo o resto que se lixe.

Agora é à mão

Esta história da (não) colocação dos professores tem um grande potencial para se tornar numa comédia clássica, do género daquelas que produziamos há 50/60 anos atrás e que eram protagonizadas p.e. por António Silva ou Vasco Santana. São colocações que saem mas não saem, promessas de publicação na net com subsequentemente são retiradas 30 minutos depois de serem disponibilizadas, etc. etc. Não fossem as consequências graves que daqui advém, tanto para os alunos e respectivas familias, mas também para os professores, isto dava uma grande vontade de rir.

Para ajudar a este enredo burlesco, agora todo este processo vai ser realizado manualmente porque, manifestamente, o software encomendado não está operacional. Nem quero imaginar os problemas que por isso poderão surgir, mas prevejo que serão muitos.

Perante este cenário, a piada mor vai acontecer quando chegarmos à conclusão que ninguem vai ser devidamente responsabilizado por tudo isto.

sexta-feira, setembro 17, 2004

Um ponto atrás? Já ganhou.


Uma sondagem efectuada nos EUA colocam John Kerry somente um ponto à frente de George W. Bush. Perante este cenário parece-me que estas eleições já estão decididas. O W. vai ganhar de uma forma, mais ou menos, confortável.

Como se viu nas ultimas eleições americanas, o partido republicano (Bush pai e amigos) têm uma estrutura tão bem montada que será necessário que o J. Kerry tenha 10 pontos percentuais a mais que o W. para o poder derrotar. É sabido que estamos a falar da melhor democracia do mundo, de um pais altamente instruído e cuja população faz parte da elite cultural mundial. Não existe qualquer possibilidade de os instrumentalizar/enganar, e por mais que se tente falar no assassinato de J.F. Kennedy ou das ultimas eleições presidênciais para denegrir a sua imagem, os "intelegentes" sabem que tais insinuações não correspondem à verdade. Kennedy não foi assassinado: teve um ataque cardiaco tão fulminante que lhe rebentou com uma veia na cabeça, e nas ultimas eleições presidenciais o Al Gore não poderia ganhar porque é sabido que as ditas minorias étnicas que constituem a maioria do povo da Flórida votam, tradicionalmente, nos republicanos. Logo, havia que contar os votos as vezes que fossem necessárias até se chegar a essa conclusão.

Perante esta realidade, o Kerry pode começar a pensar em desfazer as malas porque não vai a lado nenhum, a não ser que consiga convencer uma maior quantidade do eleitorado que ele constitui uma melhor opção que o W., o que só por si constitui uma tarefa de Hércules porque o "american people" revê-se na elevada autoridade moral e intelectual do seu actual presidente.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Descubra as diferenças

Ontem, durante mais uma das suas concorridas sessões de esclarecimento e perante uma imensa audiência de, mais ou menos, vinte pessoas, João Soares saiu-se com mais uma pérola do seu, já vasto, reportório.
Atrapalhado por ter sido confrontado com um seu militante do PS que, ao contrário dele, eras contra a legalização da prática de aborto, o joãozinho saiu-se com a frase da semana, quiçá, do mês: "o aborto é uma coisa e a interrupção voluntária da gravidez é outra".

É mais ou menos como a diferença entre o esparguete à bolonhesa e o esparguete cozido acompanhado por carne picada refogada com molho de tomate.

Genocídio (parte II)

O genocidio continua. Por mais que se tente pressionar o governo do Sudão, este faz orelhas moucas e continua a apoiar as milicias Janjaweed que até à data já terão violado, morto e estripado mais de 50 mil pessoas. Seja nas aldeias ou nos campos de refugiados onde as populações se tentam proteger, estas milicias têm carta branca para perseguir e matar quem muito bem entenderem. Quanto à comunidade internacional, esta continua a demonstrar uma total ineficácia no que respeita a questões desta natureza.

O exemplo do Ruanda nos anos noventa de nada serviu. Continuamos a permitir que estas coisas aconteçam porque estamos condicionados pela hipócrisia inerente à politica internacional. No Ruanda foi a inércia do de Bill Clinton e agora é a Rússia e a China que vetam qualquer medida de força que se pretenda tomar no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. Tudo porque estes paises têm importantes relações comerciais (petróleo) com o governo sudanês. Enquanto isso, centenas senão milhares de pessoas vão sendo perseguidas, violadas e mortas diáriamente.

Perante o que se passa no Sudão e no Iraque, apetece-me perguntar qual a cotação da vida humana nos mercados internacionais? Seguramente, será inferior à do petróleo.

terça-feira, setembro 07, 2004

Mais um

Definitivamente o sapo está uma verdadeira porcaria. Depois de 4 dias a tentar publicar um post, desisto.
Volto ao blogger porque, até ver, este nunca me deixou ficar mal.

Pilula do dia seguinte

A pilula do dia seguinte é um medicamento dito de urgência (S.O.S.) que visa acautelar uma situação na qual não existiram as precauções devidas. Devido à sua alta dosagem, o seu uso reiterado, ao contrário do das pilulas convencionais, pode vir a ter consequências secundárias graves nas mulheres (até um eventual infertilidade futura).

Após 5 anos no mercado nacional (desde 1999) soube-se agora que já foram vendidas mais de meio milhão de embalagens da pilula do dia seguinte, com a agravante da grande fatia dessas vendas incidir sobre as duas marcas que vendem o produto sem exigir receita médica (a que exige é a quem tem menos vendas). Face a estes números, as entidades oficiais dizem que os portuguese estão a utilizar esta pilula como um método normal de contracepção e não como um método de urgência, ou seja, em deterimento da pilula convencional, preservativos ou outros, os portugueses usam a pilula do dia seguinte, sem qualquer tipo de supervisão médica e fazendo tábua rasa de todas as suas contraindicações.

Faz parte da nossa mentalidade "tacanha".

Numa altura em que se discutem tanto os direitos pessoais de cada um, talvez devamos meditar sobre esta realidade.