quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Rescaldo


Ainda não tinha tido a oportunidade de me pronunciar sobre a noite eleitoral de Domingo mas faço questão de o fazer agora.

Grande vitória do PS com a agravante de ter sido conseguida com uma baixa (para os nossos padrões) taxa de abstenção. Ao contrário do que terá sido dito, acredito que o voto de descontentamento (contra a coligação do Governo) teve uma grande influência nestes resultados porque as propostas politicas do PS (aquelas que conseguimos perceber) não eram motivo bastante para tão bom resultado.

O PSD teve uma derrota histórica e o seu líder não teve a dignidade de arcar com as consequências desse resultado. Não imediatamente. Aproveitou para ver como seria o dia seguinte, quais as posições que as principais figuras do partido tomariam e que possíveis apoios é que teria para continuar. Como o telefone não tocou, comunicou que não se recanditaria à presidência do PSD e que só não o tinha feito anteriormente porque tinha de comunicar essa decisão, e 1.º lugar, aos órgãos do partido. Tretas.

Da parte da CDU, pela primeira vez em anos (décadas?) pode dizer que obteve um bom resultado com razão. Como se tinha previsto pela campanha que o Jerónimo estava a fazer, não só manteve o tamanho do seu grupo parlamentar como o aumentou em dois elementos. Desta vez sim, ganharam.

Quanto ao Portas, perdão, CDS-PP, teve um resultado inferior ao que eu previa e muito inferior ao que eles queriam. Num assumo de dignidade politica e pessoal (ou matreirice?) Paulo Portas assumiu uma postura pesarosa e apresentou a sua demissão da liderança do partido. Apesar disso, acredito que ainda vamos falar muito nele nos próximos tempos.

Quanto ao BE, teve, em termos percentuais, a maior vitoria destas eleições quase triplicando o número dos seus deputados. Mas mesmo nestas circunstâncias eles têm a capacidade de fazer asneira. Face às primeiras projecções da noite já se comportavam como 3.ª força politica nacional e exigiam referendos, etc. Afinal continuam em 5.º lugar e face à maioria do PS correm o sério risco de verem o seu próprio capital político (aborto, drogas leves, etc.) ser esvaziado por este. Basta que o PS assuma essas questões e resolva legislar sobre elas ou referendá-las. Deixam o BE a falar sozinho de bancos.
Uma palavra final para Ana Drago. Personificou a razão de existir do BE quando começou o discurso de vitória com “derrubamos o Santana”. Primeiro não derrubaram ninguém, foi o PS que o fez e perante estes números a percentagem do BE é irrelevante. Depois, em vez de festejar a vitoria e a possibilidade de construir que esta lhe dá, preferem abordar o resultado pelo lado negativo. Típico e desresponsabilizante.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Desculpa lá


Caro Joaquim,
Conforme solicitas-te venho por este meio arrogar-me do direito de te pedir desculpa em nome de todo o povo português por tu aquilo que vos fizemos enquanto colonizadores de Moçambique.

Desculpa lá termos criado infraestrutauras que contribuiam para o aumento da qualidade de vida dos moçambicanos que lá viviam enquanto tu devias preferir viver em palhotas. Desculpa lá termos criado serviços publicos com essa mesma finalidade e que tu, e a tua Frelimo e apoiantes, se apressaram a destruir aquando da independência. Desculpa lá termo-vos dado séculos de paz quando a unica coisa que vocês queriam era guerrear-se, fosse por motivos étnicos ou pelo simples sabor do poder. Desculpa lá termos sido os principais financiadores das acções de solidariedade para reabilitação de Moçambique no períoso pós-independência, enquanto vocês (Frelimo e Renamo) só estavam interessados em manter a guerra civil e continuar a destruir as poucas infraestruturas que ainda possuiam (e que por acaso foram construidas por nós porque vocês nunca tinha edificado nada apesar de serem um país independente há quase 15 anos).

Por tudo isto apresento as nossas desculpas, e espero que os nossos governantes sejam suficientemente inteligentes para não deixar que estas coisas se venham a repetir no futuro.

É verdade que o processo de descolonização não foi bem conduzido e que causou danos de vária ordem, quer em moçambicanos quer em portugueses, mas um dos principais responsáveis por essa situação foi o mesmo homem das mãos do qual tu recebeste a tua ultima distinção honorifica. Se fosses coerente com as tuas afirmações não a tinhas aceite ou, exigias que a mesma te fosse entregue por outrém.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Tão fraquinhos


Tinha uma certa expectativa para o debate hoje na RTP1. Foi melhor que o debate Santana/Sócrates em formato americano mas veio demonstrar (se é que alguém ainda tinha dúvidas) que estes politicos são muito fraquinhos.

O Santana tenta ser convincente mas demonstra uma grande impreparação em certas matérias; o Socrates é um conjunto de lugares comuns sem qualquer tipo de substância; o Gerónimo foi-se embora porque n tinha voz (e retórica) para o debate; o Xico é um demagogo inconsequente e irresponsável; o Portas consegue ser o mais convincente e bem preparado, mas tem um problema: é o Portas e nele não consigo confiar.

Perante isto ainda vou dar comigo a apelar, qual Saramago (arrreeee), ao voto em branco.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Finalmente livre


A irmã Lúcia morreu. Para mim que sou agnóstico esta noticia poderia não me dizer nada de especial mas existem dois sentimentos que não posso deixar de exprimir.

Por um lado fico triste pela morte da senhora, enquanto ser humano, bem como por tudo aquilo que ela representa e que, apesar de não acreditar, respeito.
Por outro lado fico contente porque tenho a ideia que ela, agora, está livre. Julgo que nós não faremos a mínima ideia do que a igreja católica fez esta mulher passar por ter sido, alegadamente, uma das videntes da virgem. Desde 1921, repito 1921, que esta senhora se encontrava em reclusão e sujeita às mais estritas regras de isolamento da igreja (entre outros motivos, sobressai a famosa questão do 3.º segredo de Fátima - existem más linguas que dizem que é uma receita de bolo de chocolate).

Perante uma vida sujeita a estas condicionantes só espero que na morte ela tenha encontrado a paz que perdeu um dia por ter ido pastar um rebanho para a Cova de Iria.

Manifesto


Agradeço ao Douglas ter-me facultado esta imagem.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Todos ao centro de saúde

Seguindo e cultivando o seu estilo desalinhado, o BE continua a fazer incidir a sua campanha sobre temas que estão na moda (parece paradoxal no BE, não é?). Agora o Xico Louçã veio dizer que deveria ser permitida a prescrição do consumo de heroina em determinadas situações clinicas. Realmente esta questão é muito importante para o desenvolvimento das condições de acesso à saúde por parte dos portugueses.

Perante esta proposta, e no estado em que está a saúde em Portugal, só posso concluir uma de duas coisas: ou o BE é totalmente inconsequente ou estão a ver se arranjam uma forma mais fácil e barata de ter acesso ao produto.

O exorcista

Alberto João Jardim continua a sua cruzada contra a razão e veio (novamente) dizer que Cavaco Silva deveria ser expulso do PSD por este ter dito que acreditava que o PS venha a conseguir a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas. Nunca disse que o desejava, meramente acreditava, como acreditam muitos eleitores (também simpatizantes do PSD) por este país fora.

Nestas altura o Alberto João faz-me lembrar a Linda Blair, no filme "O Exorcista", naquela cena em que ela está sentada na cama, abre a boca e começa a mandar um jacto de um liquido verde para cima de todos os presentes. No caso do Alberto João o liquido não é verde mas sim castanho, mas o resultado é o mesmo. Este homem está a passar por uma fase da vida dele em que, como diz o povo, "quando abre a boca, ou sai merda.......... ou sai merda". E para quem não acredita nisto, basta ver quem é que veio logo prestar o seu apoio a tais afirmações: Luís Filipe Meneses e Marco António. Se existiam algumas dúvida sobre a qualidade destas asneiras, este tipo de apoios vieram dissipá-las.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Totoborla


É sabido que os clubes de futebol profissional, ou os seus representantes (Liga e FPF), nunca quiseram pagar as dividas que contrairam ao Estado devido ao não pagamento de impostos. O famoso "Totonegócio" nada mais foi do que um meio para protelar uma questão que se pretendia encerrar através do esquecimento. Azar dos azares, os ministros CDS-PP andam atarefados a mostrar trabalho e o Bagão Félix quer receber o dinheiro, INFIÉL.

Perante esta atitude elogiada até por adversários politicos (vd. Sócrates) é curioso que a 1.ª voz discordante (fora do futebol) seja um colega de partido do ministro. António Lobo Xavier veio dizer que os clubes não devem pagar. É estranho que alguém com responsabilidades politicas, envolvido no mundo empresarial e credenciado pela Ordem dos Advogados como um especialista em Direito Fiscal, repito Fiscal, tenha esta posição.

Só depois é que me lembrei que este senhor também faz parte duma SAD de um clube do norte cujo nome eu não vou dizer mas começa com um "P", acaba com um "O" e tem as letras "ORT" no meio. Este é mais um daqueles individuos que anda com um pé na politica e outro no futebol mas, em caso de conflito, defende sempre os interesses deste ultimo. Nem que para tal tenha de dizer barbariedades e colocar o seu nome, enquanto profissional, em causa. Realmente deve haver muito a ganhar nos bastidores "d`bola".

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

O colo

Definitivamente a politica em Portugal encontra-se escondida debaixo do lençóis. Deve ser de vergonha. Basta o Santana Lopes falar em "colo" e o PS vem logo a terreiro acusá-lo de estar a fazer referências à vida privada do seu lider, ou melhor dizendo, às opções sexuais do seu lider.

Todos nós sabemos que o PSL é pródigo em fazer declarações infelizes mas, neste caso concreto, parece-me evidente que não existia nenhuma intenção de abordar a vida privada do Sócrates. Seria demasiado baixo, mesmo para o PSL. O PS é que foi burro e empolou uma questão que até agora só tinha sido abordada por uma determinada comunicação social que se dedica a estas histórias. Com este acto o PS permitiu que a vida privada do seu lider fosse referida, ainda que de forma discreta, em todos os meios de comunicação social, sem excepção.

Ora, numa altura em que o país não tem problemas de maior, parece-me que esta será a mais importante das opções que os portugueses irão fazer: saber as orientações sexuais dos lideres partidários para assim determinarem de forma mais consciente o seu voto, ou seja, deverão os heterosexuais votar no PSD ou na CDU, os homosexuais no PS ou no CDS-PP, e os outros...........votem BE.