quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Acabar com os referendos

Os referendos em Portugal são uma treta. Ninguém lhes liga. Mesmo uma questão tão polémica e fracturante como o aborto nao consegue levar metade dos portugueses às urnas. Se, um dia, tivermos de nos pronunciar sobre a constituição europeia quantos é que lá vão? três? Quatro? E o mais aberrante é ver os politicos, em noite de referendo, vangloriarem o empenho dos portugueses e os êxitos da democracia. Deviam estar a ver outro filme que não este.

Eu votei, como faço sempre questão de fazer, mas sejamos claros: nós estamos a marimbarmo-nos para estas questões. O espirito civico é pouco e a motivação inexistente (excepto naqueles militantes que obedecem cegamente ao que lhes dizem do partido - as chamadas ovelhas).

O referendo, como está consagrado é uma anedota: não se atingem percentagens de adesão que o tornem vinculativo e então usa-se a sua vertente indicativa e dela se faz lei. Então, para que serve o referendo? Só se for para transmitir para parte dos cidadãos as decisões que, politicamente, ninguém tem coragem de tomar. Faz-se um referendo e ele decide. Nem que só vá votar 30% dos eleitores.

Se só serve para desresponsabilizar (mais) os politicos, acabem-se com os referendos.