sexta-feira, dezembro 30, 2005

Bom 2006

Desejo a todos membros da blogosfera uma grande 2006 no qual atinjam todos os objectivos a que se propuserem.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Filmes e certos pais

Não tenho o hábito de criticar filmes (nem me arrogo de tais qualidades) mas os dois ultimos filmes que vi foram duas surpresas: uma boa e outra má.

Fui ver "O fiel jardineiro", baseado na obra de John Le Carré e realizado por Fernando Meirelles, o mesmo do extraordinário "Cidade de Deus", e fiquei agradávelmente surpreendido com um filme simples, honesto e que aborda as obscuras relações que se estabelecem entre alguns Governos e a indústria farmacêutica e as "alegadas" esperiências médicas que esta ultima faz nas populações carênciadas de Africa. Muito bom. Aconselho.

Depois fui ver o "King Kong". Grande promoção, grande realizador, bom elenco e um gorila tamanho familiar foi motivo bastante para me levar a ver o filme (tenho uma especial simpatia por gorilas). Conclusão: uma banhada de 3 horas. Uma história que não desenvolve, um abuso excessivo e desnecessáio de efeitos especiais e, em alguns momentos, uma violência visual que chega a ser extrema e nos lembram que Peter Jackson começou a sua carreira realizando filmes gore.

Uma palavra final para alguns eventuais espectadores. Fui ver uma sessão às 21,30h (acabou quase à 1h) e ao meu lado sentou-se uma familia composta por pai, mãe e duas filhas (mais ou menos 10/12 anos). Durante uma as muitas cenas violentas do filme (um homem a ser devorados por 3 vermes o mesmo tempo) tive a curiosidade de olhar para o lado e vejo a miúda mais pequena com as pernas encolhidas, com os pés em cima do banco e abraçada aos joelhos. Completamente aterrorizada. Os pais, nada. Quando o filme acaba (finalmente) e estando a miúda ainda pálida, qual é a 1.ª reacção dos pais? Começarem a conversar entre si acerca do "ganda filme" que estava "muito bem feito". A miúda nem piava. Meus senhores, se apesar da qualificação que é dada aos filmes, os cinemas não limitam as entradas a menores do que estiver estabelecido, tenhamos nós, adultos, de ter a percepção que em certos filmes não são adequados para certas idades. Como dizia a minha mulher: "depois são estes mesmos pais que criticam a violência que existe na nossa televisão".

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Mais uma vez

Mais uma vez uma criança (neste caso, bébé recém nascido) é vitima de maus tratos no nosso país e fica às portas da morte.
Mais uma vez nenhuma entidade pública de apoio social poderá ser responsabilizada pelo ocorrido.
Mais uma vez a criança já tinha sido assistida anteriormente mas ninguém detectou nenhum indicio de maus tratos.
Mais uma vez, e apesar dos antecedentes sociais e criminais dos progenitores, ninguém podia prever que esta situação fosse ocorrer.
Mais uma vez a comunidade onde se inseria esta pseudo familia nada viu, nada ouviu, nada fez.
Mais uma vez, e segundo a UNICEF, surgimos vergonhosamente colocados em 4.º lugar nos paises onde mais se maltratam crianças.
Mais uma vez eu não sei o que é que andam a fazer os técnicos da Segurança Social adstritos a estes processos.
Mais uma vez a sociedade civil omitiu-se.
Mais uma vez a justiça que eventualmente se vier a aplicar será injusta.
Mais uma vez parecemos um país do terceiro mundo.

Mais uma vez ....... Até quando?

segunda-feira, dezembro 12, 2005

A agressão a Soares

A história repete-se: mais uma vez Mário Soares é agredido durante uma campanha eleitoral. Todos sabemos o que aconteceu em 1986 e as repercussões positivas que esse incidente trouxe à sua candidatura. Ontem aconteceu o mesmo.

Considerando a muito boa colocação das câmaras de televisão para verem este incidente (no meio de uma multidão à pinha), bem como o despropósito do ocorrido, pois começa com uma abordagem mais ou menos normal e, de repente, o agressor altera-se completamente e tenta agredir o candidato, não excluo a hipótese de estarmos perante uma situação encenada. Eu não sou grande apologista destas “teorias da conspiração” mas ao visionar as imagens não pude deixar de pensar nesta hipótese. Julgo que não terei sido o único e sei que não seria a primeira vez que era tomada uma iniciativa destas na política portuguesa.

Se, porventura, estives errado há uma questão que importa pôr e só a titulo de exemplo: havendo um anti-cavaquismo primário em muitos sectores da nossa sociedade ou existindo um forte anti-comunismo em outros, porque carga de água que a única pessoa que é agredida nas nossas campanhas eleitorais é o Mário Soares?

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Alguém dúvida que foi atentado?

Fez ontem 25 anos que faleceram Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa e todos os ocupantes do Cessna que caiu sobre Camarate na noite de 4 de Dezembro de 1980.

Além da fatalidade em si e da falta que estas pessoas seguramente fizeram ao país nos anos seguintes, faz-me impressão que ainda hoje andemos todos aqui, que nem uns totós, a ser levados nas mais variadas versões que tentam explicar a queda do avião.

Sejamos claros: analisemos os resultados das várias Comissões Parlamentares criadas para analisar esta questão (ignoremos as primeiras cujos interesses seriam outros que não esses), afiram-se os factos que foram dados como provados e a conclusão só pode ser uma: o avião caiu porque deflagrou a bordo um engenho explosivo. Cidadãos anónimos residentes em Camarate testemunharam que o avião já vinha em chamas no ar; alguns corpos tinham fragmentos explosivos nos pés; nunca foi proferido um pedido de “socorro” pelo comandante da aeronave; já para não falar que Lee Rodrigues já confessou, mais do que uma vez, a autoria material do crime. Depois de isto tudo, entre outros motivos que não vou agora descrever mas que recomendo sejam lidos no magnifico livro de investigação de Augusto Cid “Camarate” (versão integral – capa negra – e não uma versão reduzida que já vi com um quinto das paginas), depois de tudo isto, dizia eu, que interesses podem ter aqueles que ainda hoje advogam a tese de acidente. Porque é que a queda do avião tem de ocorrer, necessariamente, por acidente? Se estivermos de consciência tranquila qual é o problema se tiver sido um crime? A não ser que os implicados nesse eventual crime sejam pessoas que à data tinham muita relevância politica e/ou militar.

E é aqui que eu julgo que está a resposta a este dilema que vergonhosamente se mantém. Eu sou daqueles que defende que o “alvo” do atentado seria Adelino Amaro da Costa (então Ministro da Defesa), pois Sá Carneiro e Snu Abecassis só entraram no avião à ultima da hora porque iam para o Porto e apanhavam a boleia. Agora se Amaro da Costa era o “alvo”, qual era o motivo? Analisem-se os dados do Ministério da Defesa naquela altura e verificarão que, apesar da guerra colonial já ter acabado há uns anos, a necessidade de armamento continuava a ser a mesma. Para onde iam essas armas? Irão, que se encontrava em guerra com o Iraque e estava sujeito a um bloqueio internacional. Quem lucrava com essas vendas? Não o Estado português porque esse negocio era ilegal, logo, sobrariam algumas pessoas que tinham capacidade para gerir essa operação muito lucrativa. Eram esse que iriam ver as suas negociatas terminar com as diligências que Amaro da Costa encetava no Ministério. Eram esses que iriam perder muito dinheiro. E foram esses que o mandaram matar. Apure-se as suas identidades.

Deixemos de andar a discutir pela enésima vez questões colaterais que mais não fazem do que desviar a atenção sobre o que é efectivamente importante. Descubram-se as motivações e descobrem os instigadores desse crime.

Até esse dia nós, portugueses, continuaremos a ser tratados como uns totós que acreditamos em tudo que nos puserem à frente dos olhos. Tal qual os americanos que acreditam que JFK foi morto por um assassino que agia sozinho e com motivações meramente pessoais.