sábado, fevereiro 25, 2006

A lei que permite birras

Realmente o famoso "Caso Casa Pia", se mais não fosse, permite aos portugueses em geral ver a (falta de) qualidade das leis que temos. O advogado do Bibi, no seu tom educado que todos o reconhecemos, perdeu o decoro e durante o interrogatório de uma testemunha colocou em causa a idóneidade desta, do Tribunal, e num sentido mais vasto, da própria justiça portuguesa. Parece que se esqueceu que estava numa sala de audiência de um Tribunal e não na tasca lá da rua e como tal foi repreendido pela Juiza Presidente.

Consequência (I): requereu um incidênte de recusa de Juiz alegando que a mesma estava a ser parcial, somente porque não quis aturar a sua falta de educação;
Consequência (II): na hipótese do seu recurso ter provimento corremos o risco de ver o julgamento, e respectiva prova até agora produzida, ser declarado nulo e recomeçar tudo de novo.

Mais do que a atitude do advogado (não tenhamos a pretensão de alterar o carácter dele) não deixa de ser impressionante a forma como a lei permite que as birras tenham legitimidade processual bastante para colocar, ainda de de forma remota, em causa um processo penal e para mais com a envergadura deste.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

O desafio do Peixoto

Na sequência do desafio que me foi lançado pelo Peixoto aqui estou eu a "despir-me" perante a blogosfera. Sendo eu um homem de tantas manias e hábitos custa-me seleccionar somente cinco para me diferenciarem um pouco do comum dos mortais mas aqui vão:

Espirito critico: Há quem lhe chame má-lingua mas eu penso que é espirito critico. Tenho o hábito inato de estar a opinar constantemente sobre tudo o que se vai passando à minha volta. Isto aliado ao facto de ter capacidade de dizer as coisas erradas nos momentos errados tem me trazido situações delicadas ao longo da vida.
Relógios: adoro relógios. Sempre adorei. Não só do objecto em si como do seu uso. Se sai de casa e verifico que estou sem relógio sinto-me nú. Sou relógio-dependente.
Futebol: adoro ver e jogar. Sou presença habitual no Alvalade XXI (ai o meu Sporting) e todas as semanas lá estou nas religiosas jornadas da bola com os amigos. Se a TV transmitir o jogo Cascalheira-Mijanaescada eu quero vejo (e a minha mulher passa-se).
Internet: não há dia em que não passe por cá, mesmo que por 2 minutos, nem que seja para ver se a minha ligação ainda funciona.
Petiscos: troco todas as refeições do mundo por petiscos. Adoro estar a "picar" em vários pratos diferentes, cada um do quais com os mais variados paladares.

Por fim deixo a informação que este mesmo desafio foi feito ao Pinheiro, ao Hammer, ao Carlos, ao mfc e ao Polittikus.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Bronkeback Mountain

Estreia hoje nas nossas salas de cinema um dos filmes do ano,e por vários motivos.

Primeiro pela sua qualidade cinematográfica que o leva a ser o principal candidato aos óscares deste ano. Depois pela polémica que a sua história levantou e que chegou ao ponto de ter sido proibida a sua projecção em alguns estados dos EUA. Afinal de contas conta a história de 2 cowboys (icones de masculinidade) que são gays. E isso é imperdóavel para os moralistas dos americanos.

Mesmo por cá prevejo alguns falatório, não só porque a temática (homossexualidade) está tão na moda mas também pelo facto de ser bem concordar com todas as pretensões por estes suscitadas. Alias, em Portugal, está tão na moda ser contra a corrente que esta já se transformou na corrente dominante, mas isso são outras questões.

Pela parte que me toca irei ver o filme e depois digo qualquer coisa. Mas somente sobre a sua qualidade e não sobre a moral, bons ou maus costumes, modas e posições politicamente (in)correctas que dele possa extrair.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Podia ter piada

A questão das caricaturas que retratam a imagem do profeta Maomé, nomeadamente os actos violentos que têm sido perpetrados ao abrigo da defesa do Islão, se não fossem de tal gravidade (foi hoje assassinado um padre católico na Turquia), seriam para rir.

Sem querer entrar na problemática civilização ocidental versus civilização islâmica, sob pena de ter de redigir um post com 100.000 palavras, nem querer colocar em causa o direito à indignação de quem quer que seja, não posso deixar de “curioso” que aqueles que defendem, entre outras coisas, que Islão não é sinonimo de violência (e acredito piamente que o Alcorão apregoe a paz, etc.), sejam os mesmos que destroem e pegam fogo à propriedade dos Estados que publicaram tais caricaturas. Acredito que não sejam uma maioria mas, mais uma vez, as atitudes destes senhores fazem a imagem do Islão que fica.

Acresce a isto a benevolência dos próprios Estados muçulmanos que permitem que estes actos aconteçam. Se amanhã os sírios quiserem protestar contra o aumento do preço da batata serão duramente reprimidos pelo seu Estado militarizado mas hoje podem, tranquilamente, pegar fogo ao consulado da Dinamarca que ninguém os importunará. Lamento, também, as atitudes de alguns dos seus líderes religiosos que fomentam estes conflitos. Aliás, as caricaturas foram publicadas em Setembro num jornal distrital dinamarquês e não foram noticia. Foi necessário que os próprios lideres muçulmanos sedeados na Dinamarca andassem, ao longo dos últimos meses, a difundir estes desenhos pelo mundo islâmico para assim atearam este conflito. Estas atitudes ficam sempre bem a líderes religiosos.