quarta-feira, agosto 23, 2006

O conflito no médio oriente

Estou há muito tempo para postar sobre este tema mas a complexidade do mesmo levou-me a adiar esta questão. Até hoje.

Não vou defender posições de uma parte ou outra nem discutir quem são os bons e quem são os maus desta historia. Mais não seja porque não acredito que isso seja assim tão líquido.

Tenho lido um pouco por todo lado varias posições de apoio a uma das fracções (curiosamente muitas são mais contra uma parte que de apoio à outra), tenho aprendido muito com discussões historicas sobre aquela área do planeta e até sobre a legitimidade da existência do Estado de Israel e/ou da Palestina.

Porque não quero fazer uma longa exposição sobre as minhas opiniões, vou deixar-vos, de forma estanque, as minhas ideias base sobre este conflito para que possam entender a minha posição:

1. Hoje não se discute, nem se pode discutir, a legitimidade da existência dos Estados de Israel ou da Palestina. Existem e ponto final.
2. O presente conflito foi despoletado pelo Hezbollah quando decidiu entrar em território israelita e raptar soldados.
3. A reacção israelita terá sido desproporcional mas é sabido que é essa a forma de defesa que Israel sempre usou. Se assim não fosse já teria desaparecido do mapa há muito tempo (lembrem-se da “Guerra dos 6 dias”).
4. Não existem “anjinhos” nesta tríade Israel/Palestina/Hezbollah.
5. Mesmo que Israel não existisse, aquela zona do planeta seria sempre uma zona de grande tensão porque é habitada por populações de etnias e religiões diferentes e com interesses antagónicos, essencialmente, porque algumas delas querem dominar todas as outras.
6. Israel só serve para agonizar os conflitos e para essas etnias e religiões fingirem que estão unidas em algo, quando efectivamente não estão senão no ódio.
7. Os únicos inocentes nesta história são os cidadãos do Líbano que mais uma vez são aqueles que mais sofrem as consequências do conflito.
8. E a culpa disso não é só de Israel.
9. O Hezbollah, desde o final dos anos 70 que funciona como um verdadeiro estado ditatorial dentro do Líbano, não se inibindo de matar à bomba qualquer pessoa que lhes faça frente.
10. É curioso que a semana passada tropas libanesas tenham, pela primeira vez em 30 anos, entrado em certas zonas do sul do seu próprio pais porque, até essa data, elas estavas ocupadas, não por Israel mas, pasme-se, pelo Hezbollah.
11. E esse poder do Hezbollah advém-lhe, essencialmente, o apoio militar que lhe é dado pelo Irão e pela Síria, dois estados soberanos que há 30 anos põem e dispõem do Líbano como se de uma cotada sua se tratasse.
12. Portanto parece-me redutor atribuir aos israelitas todas as responsabilidades pelo mal que acontece hoje no Líbano.
13. A responsabilidade primeira é da Síria e do Irão que são os primeiros a desprezar os libaneses e a armar um testa de ferro (Hezbollah) para que esta possa executar os seus intentos sem que eles tenham de dar a cara.
14. Em segunda instancia, a responsabilidade será do Hezbollah que é, em bom rigor, um grupo terrorista que ataca pela calada e se defende colocando-se no meio da população civil. Típica atitude cobarde utilizada por terroristas um pouco por todo o mundo.
15. Finalmente, a responsabilidade de Israel que se defende utilizando todos os meios militares que tem ao seu alcance (e não são poucos) para demonstrar que, à falta de diplomacia, pela força eles jamais serão vencidos.
16. Claro que esta postura implica uma violência e, no caso concreto, uma desproporcionalidade no direito de resposta que acaba por afectar populações inocentes.
17. As mesmas populações que já estão subjugadas pelo Hezbollah mesmo quando nós, aqui no ocidente, julgamos que lá está tudo em paz.
18. Por fim, a responsabilidade da comunidade internacional que não tem conseguido gerir este (eterno) conflito e cuja postura tem sido sempre reactiva e nunca preventiva, o que é particularmente grave quando este conflito já dura há décadas e cujos períodos de bonança nada mais são do que pronuncios de tempestade.

Para concluir, e porque o post já vai longo, apesar das muitas teorias que se têm ouvido estou plenamente convencido que temos aqui um conflito que vamos deixar de herança aos nossos netos, porque ninguém é capaz de apresentar uma solução razoável, ainda que teórica, para este médio oriente.

terça-feira, agosto 22, 2006

Espirito empreendedor

Existem muitas pessoas que criticam, entre outras coisas, o espirito empreendedor dos portugueses, ora que não existe, têm falta de coragem, não sabem, etc.

Como que a contradizer toda esta má lingua, um jovem incendiário da nossa praça, talvez por ver que na sua área de residência esse era um negócio que já nada rendia (estará tudo ardido) resolveu internacionalizar as suas valências e foi fazer incêndios (três) para Espanha. Apesar de ser de louvar a sua motivação temos de ser honestos e concluir que a actividade escolhida não terá sido a melhor.

Moral da história: foi apanhado e esperemos que as autoridades espanholas não o reenviem para Portugal sob pena das nossas autoridades o colocarem na rua com TIR (a todos os níveis ridículo) e o rapazinho lá terá de saltar novamente a fronteira para ir fazer pela vida.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Duas vezes Obikwelu

Melhor marca do ano nos 100 metros, recorde nacional nos 200, duas medalhas de ouro, tornou-se o atleta português com mais medalhas de ouro em campeonatos da Europa destronando Rosa Mota, com a dobradinha nestas provas fez algo que ninguem fazia há 28 anos (desde Pietro Menea). Temos aqui um verdadeiro atleta de eleição.

Mas não foi o único. João Vieira (quem?) foi medalha de bronze nos 20 km marcha batendo o recorde nacional e muitos dos grandes candidatos àa medalhas e Nelson Évora (que ainda está em competição) está a ter grandes prestações nos saltos (comprimento e triplo).

Numa altura em que existe um maior distanciamento entre os portugueses e o atletismo, que em tempos foi uma das nossas grandes modalidades, pode ser que estes resultados invertam essa tendência.

Atenção que Portugal agora não é bom somente em provas de fundo.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Restart

Agora que acabaram as férias, é com baterias recargadas que volto à blogosfera e espero manter uma maior actualização do Ácido que tem sido deixado um pouco ao abandono.

Nestes dias, no plano nacional, nada de muito relevante se passou, sendo óbvio que grande parte dos nossos politicos estão de férias, logo, a possibilidade de serem feitas asneiras é mais reduzida. Realço a publicação on line do nome dos contribuintes mais faltosos da nossa praça. Parece uma uma medida parva mas num pais onde muitas vezes é mais importante parecer do que ser, podemos estar perante uma medida importante do ponto de vista do combate à evasão fiscal (aliás, parece que foram feitas muitas regularizações com medo de ir para as famosas listas). Aguardo agora a lista daqueles a quem o Estado deve dinheiro.

No plano internacional poderia realçar a crise do médio oriente mas prefiro abordar esta questão mais tarde e de forma isolada, logo, escolho Fidel. El Comandante parece que está mal e dizem que pode ser este o primeiro momento para a viragem politica em Cuba. Eu discordo. Julgo que Fidel ainda vai cá ficar por uns tempos (ainda acaba por nos enterrar a todos) e não acredito que com a sua morte o regime cubano mude, mesmo que progressivamente. Pelo contrário, receio que com o desaparecimento de Fidel, e devido à falta de outra figura carismática na politica cubana, possam vir a exteriorizar-se as grandes diferenças existentes entre os cubanos, nomeadamente os que ainda estão na ilha e os exilados, e que este facto associado às grandes pressões politicas e económicas que vão ser feitas do exterior, pode vir a originar situações de conflito violentas. Posso estar a ser péssimista mas vamos esperar para ver (lá está, se Fidel não nos enterrar a todos primeiro).