quarta-feira, dezembro 21, 2005

Filmes e certos pais

Não tenho o hábito de criticar filmes (nem me arrogo de tais qualidades) mas os dois ultimos filmes que vi foram duas surpresas: uma boa e outra má.

Fui ver "O fiel jardineiro", baseado na obra de John Le Carré e realizado por Fernando Meirelles, o mesmo do extraordinário "Cidade de Deus", e fiquei agradávelmente surpreendido com um filme simples, honesto e que aborda as obscuras relações que se estabelecem entre alguns Governos e a indústria farmacêutica e as "alegadas" esperiências médicas que esta ultima faz nas populações carênciadas de Africa. Muito bom. Aconselho.

Depois fui ver o "King Kong". Grande promoção, grande realizador, bom elenco e um gorila tamanho familiar foi motivo bastante para me levar a ver o filme (tenho uma especial simpatia por gorilas). Conclusão: uma banhada de 3 horas. Uma história que não desenvolve, um abuso excessivo e desnecessáio de efeitos especiais e, em alguns momentos, uma violência visual que chega a ser extrema e nos lembram que Peter Jackson começou a sua carreira realizando filmes gore.

Uma palavra final para alguns eventuais espectadores. Fui ver uma sessão às 21,30h (acabou quase à 1h) e ao meu lado sentou-se uma familia composta por pai, mãe e duas filhas (mais ou menos 10/12 anos). Durante uma as muitas cenas violentas do filme (um homem a ser devorados por 3 vermes o mesmo tempo) tive a curiosidade de olhar para o lado e vejo a miúda mais pequena com as pernas encolhidas, com os pés em cima do banco e abraçada aos joelhos. Completamente aterrorizada. Os pais, nada. Quando o filme acaba (finalmente) e estando a miúda ainda pálida, qual é a 1.ª reacção dos pais? Começarem a conversar entre si acerca do "ganda filme" que estava "muito bem feito". A miúda nem piava. Meus senhores, se apesar da qualificação que é dada aos filmes, os cinemas não limitam as entradas a menores do que estiver estabelecido, tenhamos nós, adultos, de ter a percepção que em certos filmes não são adequados para certas idades. Como dizia a minha mulher: "depois são estes mesmos pais que criticam a violência que existe na nossa televisão".

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