quarta-feira, junho 29, 2005

Dê-se amendoins à esquerda

Depois de uma fase inicial do seu mandato em que inexplicavelmente pretendia agradar à esquerda, o Governo fez do aborto quase que um desígnio nacional em deterimento de outras questões, a meu ver, muito mais permentes.
Quando, finalmente, foi obrigado a tomar medidas que visam combater a difícil situação económica em que o nosso pais se encontra, o Governo viu a contestação alastrar aos mais variados sectores da nossa sociedade e viu, também, os partidos ou entidades (essencialmente) da esquerda virem para o palco da rua e da comunicação social mobilizar o maior número de pessoas para as suas causas (e contra o Governo, claro).

Então, para atenuar este cenário antes que ele se torne catastrófico para as eleições autarquicas que se aproximam (correm o risco de não voltar a ganhar em nenhuma das 3 cidades mais importantes do pais), um qualquer estratega "brilhante" do PS resolveu trazer para a ordem do dia e como uma das prioridades do Governo uma questão que, pensava eu, estaria momentaneamente esquecida: o aborto.

Face a esta intempestividade só posso concluir uma coisa: o Governo quer calar a esquerda e as suas contestações. Só que esta questão do aborto não vai ter grandes desenvolvimentos e ficará, mais uma vez, guardada na gaveta como um trunfo para apresentar da próxima vez que houver contestação às suas politicas. Esta falta de respeito leva o Governo a tratar o aborto como amendoins e a esquerda como macacos: para calar os segundos atiram-se-lhes os primeiros.

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