Ainda não tinha tido a oportunidade de me pronunciar sobre a noite eleitoral de Domingo mas faço questão de o fazer agora.
Grande vitória do PS com a agravante de ter sido conseguida com uma baixa (para os nossos padrões) taxa de abstenção. Ao contrário do que terá sido dito, acredito que o voto de descontentamento (contra a coligação do Governo) teve uma grande influência nestes resultados porque as propostas politicas do PS (aquelas que conseguimos perceber) não eram motivo bastante para tão bom resultado.
O PSD teve uma derrota histórica e o seu líder não teve a dignidade de arcar com as consequências desse resultado. Não imediatamente. Aproveitou para ver como seria o dia seguinte, quais as posições que as principais figuras do partido tomariam e que possíveis apoios é que teria para continuar. Como o telefone não tocou, comunicou que não se recanditaria à presidência do PSD e que só não o tinha feito anteriormente porque tinha de comunicar essa decisão, e 1.º lugar, aos órgãos do partido. Tretas.
Da parte da CDU, pela primeira vez em anos (décadas?) pode dizer que obteve um bom resultado com razão. Como se tinha previsto pela campanha que o Jerónimo estava a fazer, não só manteve o tamanho do seu grupo parlamentar como o aumentou em dois elementos. Desta vez sim, ganharam.
Quanto ao Portas, perdão, CDS-PP, teve um resultado inferior ao que eu previa e muito inferior ao que eles queriam. Num assumo de dignidade politica e pessoal (ou matreirice?) Paulo Portas assumiu uma postura pesarosa e apresentou a sua demissão da liderança do partido. Apesar disso, acredito que ainda vamos falar muito nele nos próximos tempos.
Quanto ao BE, teve, em termos percentuais, a maior vitoria destas eleições quase triplicando o número dos seus deputados. Mas mesmo nestas circunstâncias eles têm a capacidade de fazer asneira. Face às primeiras projecções da noite já se comportavam como 3.ª força politica nacional e exigiam referendos, etc. Afinal continuam em 5.º lugar e face à maioria do PS correm o sério risco de verem o seu próprio capital político (aborto, drogas leves, etc.) ser esvaziado por este. Basta que o PS assuma essas questões e resolva legislar sobre elas ou referendá-las. Deixam o BE a falar sozinho de bancos.
Uma palavra final para Ana Drago. Personificou a razão de existir do BE quando começou o discurso de vitória com “derrubamos o Santana”. Primeiro não derrubaram ninguém, foi o PS que o fez e perante estes números a percentagem do BE é irrelevante. Depois, em vez de festejar a vitoria e a possibilidade de construir que esta lhe dá, preferem abordar o resultado pelo lado negativo. Típico e desresponsabilizante.